Inação da Estrutura Nacional de Proteção Civil pode ser Inédita

Considero aparentemente inédito, vergonhoso e desprestigiante para a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) que após terem decorrido pelo menos 3 dias após o primeiro caso de Legionella no concelho de Vila Franca de Xira, os agentes de proteção civil estejam aparentemente entregues a si próprios como se de uma emergência quotidiana se tratasse.


Aparentemente a ANPC não assumiu o seu papel de comando único dos agentes de proteção civil perante esta situação anómala que ultrapassa o nível municipal e que, obrigou à intervenção da Direção Geral de Saúde (DGS), que embora esteja a fazer um excelente trabalho, não tem por competência ou atribuição o comando, supervisão e coordenação da articulação dos agentes de proteção civil entre si.



O Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM aparentemente já esgota quotidianamente a sua capacidade de resposta, sendo que esta situação anómala possibilita o aumento da gravidade da impossibilidade de gestão dos doentes urgentes e emergentes, carecendo por isso de um reforço da capacidade de atendimento, preferencialmente um dispositivo local de atendimento das chamadas telefónicas, dispositivo esse (uma central 112 de campanha) de que o país aparentemente não dispõe para estas situações ou mesmo para um cenário de acidente grave ou catástrofe.



Creio que já ontem era tarde para que a ANPC colocasse no terreno um posto de atendimento telefónico e comando avançado, disponibilizando os melhores especialistas nacionais neste tipo de incidente, e que, estivesse no terreno a coordenar a intervenção articulada entre os diversos agentes de proteção civil.



Creio que já ontem era tarde para que estivesse acionado o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, ou até mesmo o Plano Nacional, uma vez que os serviços locais esgotaram aparentemente a sua capacidade de resposta e atingiram o limite do âmbito das suas competências, o que motivou a intervenção da DGS, e apoio de unidades hospitalares externas ao concelho afetado.

Creio que já ontem era tarde para que estivesse no terreno um laboratório de campanha para apoio à investigação a decorrer no terreno, minorando o tempo de resposta na análise.


Creio que já ontem era tarde para difundir as medidas de autoproteção por difusão celular, uma vez que nem todos os cidadãos tem acesso à televisão ou radiodifusão em tempo útil.



Não basta que o Sr. Comandante Operacional Municipal esteja a fazer o seu melhor, porque o está, é importante que a estrutura nacional coloque no terreno os recursos complementares e adequados para a situação em causa, e tal aparentemente não aconteceu.



Para mim a ANPC continua a ser vista como uma organização de bombeiros e para bombeiros, vocacionada exclusivamente para os incêndios florestais, que funciona durante a época de incêndios hibernando logo em seguida. A sua página internet e facebook uma montra de vaidades que raramente contém informação útil e atempada destinada a possibilitar a autoproteção da população, o que nos causa enorme preocupação e indignação.



Esta inação da ANPC é inédita, nunca tal se tinha verificado nas últimas quatro décadas de história da estrutura nacional de proteção civil. Nunca antes a inação da estrutura nacional condicionara o melhor desempenho da estrutura local, embora não seja a primeira vez que um autarca não ativa o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil (PMEPC) em tempo útil e, não é supervisionado pela estrutura nacional.



Elogio o desempenho do Dr. Francisco George - Diretor Geral de Saúde, bem como do Major Médico Paulo Campos – Presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica, e de todos quantos operacionalizam estes dois organismos públicos. Sem este extraordinário empenho os agentes de proteção civil estariam à mercê da sorte, por omissão de cumprimento de dever por parte da ANPC.

Elogio ainda o desempenho do Sr. Comandante Operacional Municipal, porque de facto é “milagre” estar aparentemente a conseguir fazer omeletes sem que lhe disponibilizem ovos.


A população está alarmada, e com razão, a ANPC não está aparentemente a cumprir a sua missão, a menos que a Lei orgânica tenha voltado a ser de novo alterada na passada semana.



Parafraseando um ex. comandante operacional nacional, estou absolutamente “SIDERADO” com este insólito por parte de uma estrutura suportada pelo erário público.



Oferecesse-me deixar no ar as seguintes questões: 

se a estrutura nacional funciona assim nestes casos, o que pode esperar o cidadão em caso de catástrofe?

É para isto que se cobra taxa de ANPC na apólice de seguro e taxa municipal de proteção civil?

Digo eu! que não percebo nada disto

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