O Guarda Florestal

O Guarda Florestal fazia a fiscalização da actividade na floresta, percorrendo toda a sua área de intervenção denominada cantão.
Desde a extinção dos Guardas Florestais o número de incêndios não parou de aumentar, o número de ocorrências para os Bombeiros disparou em flecha.
As áreas onde há GIPS ou outro tipo de patrulhamento militar e Sapadores Florestais ardem menos que outras.
Dizia-se que dar casas a Guardas Florestais era um luxo, eu pergunto o que sai mais caro, se dar casas a guardas e manter a vigilância eficaz, ou o custo do combate durante dias?
Passo em zonas florestais em que durante horas ou dias não vejo nenhum agente de autoridade, como pode alguém com más intenções não se sentir à vontade?

Transcrevo em seguida um texto de Jorge Nunes:

"As Casas dos Guardas Florestais

Hoje os guardas florestais incorporados na Guarda Nacional Republicana, também com a relevância que lhe é devida e merecida, deixaram de dar um uso pleno a estas casas.
Mais de um milhar destas edificações espalhadas de norte a sul com o objectivo de acolher, não apenas o Guarda Florestal mas também a sua família, foram construídas no auge da exploração florestal e quando esta constituiu uma prioridade económica do Estado há várias décadas atrás.

Eram em locais estratégicos nas matas nacionais, que estas habitações eram construídas. Não se confinavam apenas à habitação em si, mas tinham também acesso a muita água e algum terreno de cultivo assim como pequenos anexos para criação de galinhas, coelhos ou porcos. Isto apesar da maioria das vezes as localizações serem longe das ideais para este efeito. Mas arranjar meios de alguma subsistência era primordial e aqui tanto o Guarda, como a Esposa e os Filhos tinham um papel fundamental.

Olhando agora para a figura do Guarda Florestal do antigamente, este fazia da fiscalização a sua actividade, percorrendo uma determinada área denominada de Cantão. O Guarda Florestal era um conhecedor nato de toda a área florestal à sua responsabilidade e temido por todos, principalmente dos que prevaricavam.
Desde a gestão nas épocas da caça e pesca, à simples autorização de um corte de uma árvore ou mato para os animais, este era o trabalho do Guarda Florestal. Neste tempo, a fiscalização era feita a pé, os guardas eram pessoas respeitadas mas também eles de poucas posses, logo com alguma sensibilidade para a extrema pobreza da época. Acabavam muitas vezes, apesar de sujeitos a ordens superiores, de fechar os olhos a uma ou outra árvore que se cortava ou já estaria seca por uma trovoada e deixavam que os populares de aldeias localizadas em locais também eles inóspitos, as levassem. Os Invernos eram rigorosos e as casas bastante frias, a maioria sem lareiras apenas com braseiras e o… pobre do fumeiro logo por baixo da telha serrana.

As Casas dos Guardas Florestais são autênticos museus vivos da figura do Guarda Florestal que hoje os mais novos já vão desconhecendo. Umas vendidas outras perdidas pelos montes e dada a malfadada desertificação, estão sujeitas a todo o energúmero que gosta de destruir o património de todos nós. São cada vez mais as ruínas e as histórias que vão sobrando, sendo que o meu avô ainda hoje me vai contando algumas. Talvez chegue o dia, em que todas histórias de tanto serem contadas, se tornem lendas."

Créditos Fotográficos: Jorge Nunes

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