OPINIÃO: MANTER O INEM É UM LUXO QUE O PAÍS E OS CONTRIBUINTES NÃO PODEM SUPORTAR...

AUTOR: João Paulo Saraiva

É preciso encerrar o INEM para que o INEM não encerre muitas vidas!

Temos hoje um INEM em que apenas cerca de 1/3 do seu orçamento é aplicado nos meios de socorro, sendo os restantes dois terços aplicados na pesada estrutura administrativa que como todos sabemos sempre alimentou "tachos". Alguns desses "tachos" afastados no ano passado estão agora a regressar, promovidos e com remuneração aumentada, o que determina o agravamento da rácio entre o investimento e a rentabilização dos recursos do INEM, o que pode ser profícuo para os "tachos" mas é seguramente funesto para o erário público, contribuindo assim para o agravamento da situação económica do país e para a degradação da qualidade dos serviços prestados aos utentes do serviço de transporte de doentes urgentes e emergentes.
O país não pode pagar baixas médicas aparentemente fraudulentas para funcionários acabarem as suas licenciaturas e passarem de ratos a reis na estrutura.

Sejamos realistas, o país não precisa de um INEM, precisa de resposta às necessidades de socorro pré-hospitalar dos doentes e sinistrados, que com o atual modelo não tem.

Se todas as corporações de bombeiros forem municipalizadas (em regime de corporação mista com voluntários e profissionais) podem e devem assegurar o socorro pré-hospitalar em regime de serviço público, pago diretamente pelo Ministério da Saúde, assegurando as ambulâncias de emergência, motos de emergência médica, algumas VMER e centrais de emergência locais com capacidade de triagem e despacho de meios sem a atual morosidade entre 112, CODU e centrais locais.
Passaríamos a ter mais estabilidade laboral e mais garantias sociais para os Bombeiros, contribuindo para uma maior empregabilidade e justiça social.
Por outro lado sendo público e devidamente remunerado pode exigir-se qualidade.

As restantes VMER e SIV podem ser definitivamente transferidas para os Hospitais e Centros de Saúde.

Os Helicópteros já estão na ANPC por isso não existe nada a resolver sobre este assunto, passaria para o CNOS a coordenação do emprego destes meios quer no socorro quer no transporte inter-hospitalar. Há muito que o CNOS deveria ter um médico a tempo inteiro para participar na decisão e possibilitar a avaliação e aferição do modelo de assistência, salvamento e socorro pré-hospitalar e intra-hospitalar.

O orçamento do INEM pode assim ser empregue em mais e melhores meios, melhor formação e condições de trabalho para o pessoal operacional, com a admissão de mais operacionais.

Os atuais operacionais do INEM transitariam para as corporações de bombeiros (municipais ou mistas) em regime de mobilidade especial, aliás grande parte desses operacionais são oriundos de corporações de Bombeiros ou de unidades da Cruz Vermelha, pondo-se assim fim ao clima de incompatibilidade, litígio de interesses e assimetrias da qualidade do serviço prestado por uns e outros.

A carreira TEPH pode assim ser aplicada a todos e não só a alguns.

Criar-se ia finalmente uma escola nacional de emergência pré-hospitalar para todos, ou estabelecem-se para o efeito acordos com as escolas privadas existentes, que passariam a ser reguladas e controladas pelo ministério da tutela.

A Cruz Vermelha Portuguesa e demais associações e empresas de transporte de doentes seriam chamadas a reforçar o sistema como reserva e não mais haveriam tempos de espera "terceiro mundistas" como os que atualmente se verificam.

As estruturas de campanha devem constituir uma unidade estratégica da ANPC tal como em tempos funcionou o EMATE e EMIR, a ser operacionalizadas por recursos profissionais e voluntários e, para que nada seja perdido ou extraviado como no passado, identifico o GIPS como o Guardião de eleição para estas estruturas móveis.

Manter o atual modelo só tem uma justificação aparente, a de manter "tachos" que o país não pode suportar. E manter estes tachos significa em minha convicção deixar morrer gente na rua para que alguns tenham lugar num sistema onde não fazem falta alguma.

A Fiscalização de meios do sistema deve competir a organismo independente e credível, pois o INEM há muito perdeu essa credibilidade.

Em minha convicção a resolução é simples e depende precisamente de proposta de resolução de iniciativa parlamentar no sentido de reestruturar o modelo.

As regiões autónomas da Madeira, ou dos Açores não têm INEM. No caso dos Açores estão melhor servidos que o continente, o que por vezes me dá vontade de ir para a ilha.

O INEM é hoje em minha modesta opinião uma aparente forma de promover peças partidárias e de, eventualmente estabelecer contratos obscuros que mantêm aparentemente grandes grupos económicos e promovem a ascensão de outros, um antro de corrupção ativa e passiva!

Quando a corrosão como combustão lenta que é atinge o o centro de estabilidade da peça, não há tinta por mais amarela e azul que seja, nem betume ou luzinhas azuis que garantam a estabilidade.

Desculpem se eventualmente ofendi ou feri os interesses de alguém, não tive disso qualquer intenção mas, defendo acima de tudo o interesse público!

Digo eu, que não percebo nada disto!

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