Ainda os DAE´s

Como é sabido os desfibrilhadores automáticos ou semi-automáticos externos (DAE / DESA) possibilitam salvar vidas e, desde há muito há em Portugal monopólio deste negócio e, não fosse o facto de todos saber-mos que no INEM "não há corrupção e toda a gente é séria", poderíamos eventualmente falar de um  esquema de corrupção em larga escala, já que no programa do INEM só entra uma única marca, que curiosamente um só DAE custa o triplo de outros igualmente seguros e eficazes.

Se o INEM admitisse outros DAE tal possibilitaria salvar o triplo das vítimas de paragem cardiorrespiratória (PCR), num pais onde a taxa de reversão da PCR é de menos de 3% contra os mais de 20 e mais % de tantos outros países onde o uso do DAE é incentivado e livre de burocracias.

É também sabido que não há médicos mercenários neste negócio, todos eles são pessoas muito sérias e honestas, ainda que eventualmente tenham trabalhado na proposta de legislação e posteriormente à sua aprovação tenham criado empresas para explorar tal negócio, totalmente "lícito e transparente".

O que é facto é que o diploma legal que regula a prática, detenção e uso do DAE, embora não proíba o uso ou detenção, cria um papão que em minha modesta opinião é responsável por milhares de mortes potencialmente revertíveis! 

Refira-se ainda que o que está em uso em Portugal não são os DAE, mas sim os DESA, embora o programa tenha a equivoca denominação de Plano Nacional de DAE.

Mas não, em Portugal não há médicos mercenários nem corrupção no INEM, todos estão preocupadissimos e empenhados em salvar vidas, sendo que as potencialmente revertíveis que não o são, são somente danos colaterais do negócio, e por isso perfeitamente aceitáveis.

Em breve vou encontrar-me com alguém em tribunal que não perderá a oportunidade de usar este texto, estamos a falar de um profissional de saúde para quem em minha singela convicção as vidas humanas se resumem a"valor€s"!

Mas isto digo eu, que não percebo nada disto!