Comunicações de emergência...
Outrora perante a previsão ou constatação de condições meteorológicas adversas os radioamadores ficavam alerta para qualquer pedido de auxilio que lhe pudesse ser dirigido por qualquer colega nas frequências locais, inter-distritais, ou inter-regionais. Na actualidade a maioria nem sequer liga o rádio, nem sequer conhecem a história de colegas que no passado fizeram a diferença e contribuíram para poupar vidas e bens.
Na década de 70 e 80, chegou mesmo a haver recomendações para escuta permanente às frequências de HF da Cruz Vermelha Internacional (CVI) que a portuguesa (CVP) também operava, com estação permanentemente activa no Jardim 9 de Abril em Lisboa ( a sua sede e comando geral (CUX88), muitas vezes operada pelo nosso falecido colega radio-amador e capitão Parreira, entre outros. O VHF era na altura um luxo, uma brincadeira para comunicação local, um complemento à estação que sem HF não era estação. Até a delegação de Lisboa no Restelo tinha a sua estação de HF (CUX880), bem como a Amadora (CUX894)...
A dada altura a CVP equipou as suas principais unidades de socorro com então modernos rádios de HF, os FT77 da YAESU, e algumas viaturas, tudo se tornara mais fácil e até a ligação à Cruz Vermelha Internacional. Até a Força Aérea e Exército chegaram a fazer escuta permanente a estas frequências, bem como chegaram também a ter CB no âmbito da política de Defesa Civil do Território.
Na actualidade embora a CVP tenha HF em algumas das suas unidades, dificilmente estarão ligados, tal como os radioamadores.
Pena é que, tal como naquele tempo a CVP, não tivesse o Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) optado por dotar todas as centrais de Bombeiros com HF, como chegou ainda a acontecer em algumas Corporações de Bombeiros, mas havia algo transversal a todos, o CB, o rádio da banda do cidadão ligava PSP, GNR, Bombeiros, Cruz Vermelha, Polícia Marítima, Reboques, Oficinas, e até alguns hospitais, e unidades das forças armadas, com o comum cidadão operador da banda do cidadão, estava assim montada a maior rede de comunicações de urgência e emergência que alguma vez o país teve antes de conhecer os telefones celulares. O CB era mesmo até uma alternativa ao telefone, por exemplo: Bombeiros e Cruz Vermelha da Amadora passavam serviço de forma lícita via CB, o mesmo acontecia em Lisboa entre o então Batalhão Sapadores Bombeiros de Lisboa (hoje Regimento), e a Cruz Vermelha, ou mesmo com as Corporações de Bombeiros da Cidade e não só.
Com o passar dos anos fomos criando elitismos e separatismos nas redes rádio, ao ponto de em caso de catástrofe tal como tudo está na actualidade, poder-mos garantir que existirão muitos mais constrangimentos de comunicação entre agentes de protecção civil e entidades com especial dever de cooperação, já que não existe qualquer rede comum a todos e ao cidadão que garanta probabilidade de funcionamento em catástrofe. Até os radioamadores aderiram a este elitismo, tendo muitos banido o CB da sua estação fixa ou móvel.
Os antigos CCO (centros de comando operacional) do SNB, bem como até os comandos distritais da PSP e GNR chegaram a ter rádio de HF, mas tudo foi desmantelado em prol do negócio do SIRESP que agora vai ser sobre-financiado com a taxa aero-portuária.
Na actualidade, se fizer-mos um questionário para apurar quantas Corporações de Bombeiros ou mesmo essas novas associações ditas de proteção civil que por ai andam tem CB permanentemente operativo, provavelmente nenhuma, nem mesmo algumas dissidentes de Corporações de Bombeiros, ou da CVP.
Na actualidade, se fizer-mos um questionário para apurar quantas Corporações de Bombeiros ou mesmo essas novas associações ditas de proteção civil que por ai andam tem CB permanentemente operativo, provavelmente nenhuma, nem mesmo algumas dissidentes de Corporações de Bombeiros, ou da CVP.
Tenho uma única questão a deixar no ar para reflexão: De que nos serve tanta tecnologia de comunicação se não temos na actualidade uma rede única que ligue em caso de catástrofe os serviços e o comum cidadão?
Quando a "grande" catástrofe ocorrer, e mais tarde ou mais cedo ocorrerá, o maior problema não serão os escassos meios ou recursos humanos, serão as redes de comunicação para gestão de recursos e meios.
Quando a "grande" catástrofe ocorrer, e mais tarde ou mais cedo ocorrerá, o maior problema não serão os escassos meios ou recursos humanos, serão as redes de comunicação para gestão de recursos e meios.
Digo eu, que não percebo nada disto!
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