Cultura de Protecção Civil nos Radioamadores Portugueses...
Depois dos dramáticos incêndios de Verão, os Invernos trazem frequentes tempestades, sinistralidade, cheias e inundações. Os radioamadores podem individualmente, ou de forma organizada e por isso com mais capacidade instalada, prestar um serviço de entre-ajuda espontâneo a quem dele necessite, recorrendo à rede de repetidores mantida pelas associações de radioamadores, ou aos equipamentos de HF.
Estar alerta e ter a iniciativa de reportar acontecimentos e constrangimentos já é uma forma de ajudar e, simultâneamente fazer rádio.
Os radioamadores portugueses foram outrora muito prestáveis em situações de emergência, mas esta cultura tem vindo a perder-se.
Quando fazem exame de radioamador, os novos radioamadores não fazem prova de quaisquer competências para comunicações de emergência, não são sequer instados a preparar-se para a colaboração prevista em situações de protecção civil, não estando por isso informados sobre os conceitos, normas, procedimentos, e regulamentação de protecção civil, dai resultando uma assimetria constrangedora para a participação profícua dos radioamadores em cenários de emergência. As associações de radioamadores por sua vez, não têm tido a iniciativa de proporcionar esse tipo de formação e informação, o que denota falta de interesse numa área em que os radioamadores se dizem prontos a intervir, mas para a qual não estão na maioria dos casos minimamente preparados, nem contextualizados.
Importa que as associações iniciem ciclos de conferências internas e para isso convidem especialistas para esclarecer as questões que surjam, bem como partilhem informação nomeadamente sobre a regulamentação do sector da protecção e socorro, nomenclaturas tipológicas de meios de socorro e de protecção civil, etc..., como forma de criar uma cultura de radioamadores alerta e melhor preparados para intervir. Importa ainda que as associações de radioamadores sejam pólos de difusão dos conselhos de protecção civil e socorro, bem como das medidas de auto-protecção, contribuindo deste modo para uma comunidade radioamadorística mais previdente, interventiva e resiliente, contribuindo deste modo para uma sociedade mais segura e capaz de se auto-proteger.
A protecção civil é uma actividade que deve interessar a todos, porque todos dela são beneficiários em situações de acidente grave ou catástrofe.
Não se pretende que o radioamador seja agente de protecção civil, mas que no cumprimento do dever cívico do qual está particularmente investido pelo facto de ter à sua disposição tecnologia privilegiada, se assuma como tendo especial dever de colaboração individual e colectiva (organizada) em situações de protecção civil.
Não basta ler a Lei de Bases de Protecção Civil, o regulamento do SIOPS, ou o PNEPC, é preciso compreender cada um dos seus artigos, cada uma das suas frases e palavras, cada um dos seus acrónimos. Para muitos isto é demasiado trabalho, mas se assim é não podem esses achar-se no direito de ser parte da comunidade de radioamadores disponíveis para colaborar em missões auxiliares de comunicações de protecção civil.
Como
dizia há dias um amigo e dirigente de uma associação de radioamadores:
"as associações nada fazem, quem faz são os radioamadores que as
compõem", ao que acrescento que esses na actualidade igualmente nada fazem, ou fazem
muito pouco.
Contem comigo para fazer parte das soluções, nunca para fazer parte da inércia!
Digo eu, que não percebo nada disto!
73´s
CT1EBZ
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