Falta coragem política para erradicar a condição de sem-abrigo...
Carta Aberta
Excelentíssimos membros dos Grupos Parlamentares da Assembleia da Republica Portuguesa
Excelentíssimos membros dos Grupos Parlamentares da Assembleia da Republica Portuguesa
Neste
sentido, ... gostaria de sensibilizar
todos os grupos parlamentares e a opinião pública em geral de que a
solução existe e é menos onerosa do que o actual modelo que alimenta
mais do que resolve o problema. Um modelo em que se multiplica o
crescente número de organizações que nascem com o único propósito de
alimentar o problema e dai retirar contrapartidas, são hoje mais as
organizações que alimentam o problema, do que aquelas que contribuem
para a solução duradoura, como sejam as condições ideais para a
empregabilidade, o internamento dos casos de saúde mental bem como os de
hábitos de consumo, a par de tantas ouras soluções que contribuem
inclusive para aumentar a segurança das populações.
Há
portanto casos que não se tratam na rua, carecem de internamento, por
vezes de longa duração, somente se o "Estado" não estiver de costas
voltadas para estes casos é possível erradicar a condição de sem-abrigo
da Cidade de Lisboa e tantas outras.
Os
casos de saúde mental não são casos sem solução, a solução é o
internamento, é lá que estes seres humanos devem estar, são doentes
marginalizados pelo sistema, são pessoas sem berço a quem o Estado
voltou costas eximindo-se das suas responsabilidades, e deixou à mercê
da sua própria sorte.
O
Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem Abrigo - Lisboa (NPISA) é um
excelente instrumento para a erradicação da condição de sem-abrigo na
cidade de Lisboa, e tem desempenhado um papel importantíssimo e com
elevada proficuidade, mas só por si no actual modelo tem sérios
constrangimentos de funcionamento. Por exemplo, um horário das 9 às 18 considerando
que parte dos recursos humanos são voluntários que têm também eles os
seus empregos limita obviamente a capacidade de resposta e, gera filas
intermináveis no atendimento. O Ideal seria que este serviço estivesse
aberto até ás 23horas, sendo assegurado em horário de expediente pelos
funcionários, e após o horário de expediente por voluntários das
diversas associações que integram o NPISA, falta para a isso um
vigilante que assegure esse período, aparentemente apenas isso para que a
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa concorde com este período de
funcionamento.
O NPISA
é sem dúvida o modelo ideal para a solução duradoura, e tem de facto os
projectos e programas que possibilitam a melhor proficuidade nesta
luta, carecendo por isso de mais empenho político e da administração
central do Estado para conseguir atingir os objectivos a que se propõe.
A
solidariedade sem regras está a tornar-se uma actividade económica de
que o pais não necessita. Um regulamento que sujeitasse todas as
organizações com esses fins, em especial no que concerne à ajuda aos
sem-abrigo e com sujeição à coordenação municipal do NPISA para evitar a
duplicidade assistencial no mesmo dia no mesmo sítio, e outros dias em
que não existe qualquer tipo de assistência, bem como garantir que
todos os casos seguidos têm o devido acompanhamento até à solução
definitiva ao invés de definitivamente alimentado o problema, seria o
ideal. Um ideal fácil de concretizar com o empenho convergente das
entidades públicas ou privadas que podem concorrer para as soluções
sustentáveis e duradouras nestes casos.
É
necessário que as equipas voluntárias de rua tenham regras de recolha
de informação e transmissão dessa informação recolhida à plataforma do
NPISA que hoje entra em funcionamento, não basta dar pão a quem não tem
casa, saúde, medicamentos. A regulamentação da actividade ainda que
voluntária é um passo importante, já que se observa que existem
organizações a vender solidariedade, ou seja, a fazer caridade somente
com o intuito de se promoverem ou deste modo conseguir exercer uma nova
actividade económica, a da solidariedade para com as pessoas sem-abrigo.
Neste sentido pensamos
que seria pertinente que houvesse iniciativa parlamentar de audição da
coordenação do NPISA de Lisboa, cremos que os senhores deputados e as
senhoras deputadas ficarão muito surpreendidos ao constatar que a
solução existe, mas que para algumas organizações o que rende é
alimentar o problema.
Cremos
mesmo que o NPISA de Lisboa é um modelo a seguir, um exemplo de
vanguarda que só não está mais desenvolvido eventualmente por falta de
envolvimento político, pelo que aqui deixamos este nosso singelo
contributo sob a forma de sugestão.
Digo eu, que não percebo nada disto!
Digo eu, que não percebo nada disto!
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