Assinala-se hoje o dia da Mundial da Proteção Civil.

Portugal está atualmente a fazer um enorme esforço político para dotar o país de um efectivo sistema de proteção civil de que ainda não dispõe e, é ainda cedo para saber se dará ou não os resultados esperados. País à beira mar plantado, Portugal é ainda um país sem cultura de proteção civil, sem sistema de aviso de tsunami, sem sistema de difusão celular, e em muitos casos sem serviços municipais de proteção civil, como por exemplo no concelho de Oeiras que todos os anos assinala este dia com pompa e circunstancia, mas que somente dispõe de um gabinete municipal de proteção civil de costas voltadas para a população e sem sequer dispor de comissão municipal de proteção civil em incumprimento das determinações legais, mas estes são somente alguns exemplos do que vai mal em matéria de proteção civil em Portugal.
Ouvem-se depois por ai os mais distintos despautérios como aquela frase "todos somos proteção civil", mais uma certamente mentorada após uma refeição bem regada e própria de quem ousa possuir o vil desejo de iludir o povo sobre algo que não podia ser mais inverdade.
Em relação à nossa vizinha Espanha estamos somente com 22 anos de atraso nas políticas de proteção civil, em relação ao Reino Unido somente levamos 30 anos de atraso, e fiquemo-nos por aqui nas comparações. Fiquemo-nos mesmo pela proteção civil neste país em que não há sequer formação de suporte básico de vida nas escolas aprovado na assembleia da republica duas ou três vezes e anunciado outras tantas mas que não sai do papel, onde a reversão da paragem cardiorrespiratória é uma das mais baixas da Europa e do mundo, onde ter socorro quotidiano é uma sorte, atempado sorte acrescida, e de qualidade um milagre, quanto mais em cenário de catástrofe.
Somos no que concerne à proteção civil um país por demais "sui generis", onde existem agentes mas não existem agências, onde existem entidades com especial dever de cooperação no papel mas que dele não saem por força do peso da influência daquela a que sempre apelidei de máfia vermelha, a estrutura confederativa das associações de bombeiros que pelo monopólio plasmado no regulamento de transporte de doentes deixa inequivocamente claro que os interesses no negócio se sobrepõem ao valor da vida humana.
Estamos por isso reféns de conluios que causam sofrimento e morte e que deixam o povo português à mercê da sua própria sorte.

Confunde-se deliberadamente proteção e socorro com proteção civil, e até se duplicam sistemas para alimentar diferentes lobies, tudo em prol do negócio de uns em detrimento do serviço prestado ao povo, tudo para alimentar interesses instalados e nada efectivamente pensado para proteger e socorrer a vida, o ambiente, e o património.

Bastará um simples tsunami semelhante ao de 1755 para que todo o património cultural de Lisboa ali exposto à boca do mar seja levado pelas águas, e para que um presidente da republica estrategicamente colocado de frente para a porta de entrada do tsunami em Lisboa assista na 1ª pessoa com direito a lugar de camarote ao fim da sua vida e a um país que assim ficará desgovernado, mas falam todos eles em proteção civil de boca cheia, sem saber do que falam, sem noção do que proferem, e proferindo sobre o assunto as mais "nobres" verborreias.

Por tudo isto e por muita esperança que possa ter em relação às políticas ora em curso, bem como aos protagonistas da colocação dessas políticas em prática, não me ocorre outra imagem para sinalizar este dia, que não aquela que aqui vos apresento.

Digo eu, que não percebo nada disto!

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