Faltam instrumentos para o internamento compulsivo...

Como se interna um doente psiquiátrico perdido no tempo e no espaço, sem-abrigo e que não perturba ninguém? Eu respondo-vos: não interna.
A estrutura governamental do Estado exime-se dessa responsabilidade, e dezenas de casos destes deambulam pelas ruas das grandes cidades até que se findem, tudo por falta de inércia parlamentar e de hipocrisia do povo, para quem o doente mental é mais um "maluco". "Malucos" esses, que um dia foram os bebés de alguém, foram crianças, são hoje homens e mulheres, abandonados pelo sistema e deixados à mercê da própria sorte. Seres humanos cujo calor humano atrai para debaixo dos cobertores debaixo de uma caixa de cartão na rua, os seus "animais de estimação", as ratazanas. Mas conhecem lá os decisores esta realidade, isto não é um negócio de submarinos ou helicópteros, não movimenta milhões...
São casos de risco de saúde pública, são casos de assistência humanitária, são casos de intervenção social, ou deveriam ser
Que acesso tem à justiça o cidadão doente mental? Não tem, "é maluco"!
Que acesso tem à saúde e acompanhamento social? Não têm "é maluco"!
Que acesso têm a um albergue porque têm necessidades especiais ou conflitos com os demais? Não tem "é maluco"!
Chego mesmo a pensar que estamos todos "malucos" e eles sãos, porque só alguém fora do seu perfeito juízo pode aceitar estas situações como normais.

E já sei, "sou maluco"!

Digo eu, que não percebo nada disto!

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