As vítimas do terrorismo incendiário

Não consigo sequer mensurar a dor, ou caracterizar o sentimento das pessoas alvo desta forma de atentado terrorista a que vulgarmente chamamos de incêndios florestais. São fenómenos que afetam não só as pessoas que não cumprem na proteção da floresta, mas também os que cumprem.
É inegável que as pessoas se preocupam mais com a fé do que com a sua proteção, mas este não deve ser motivo para fazer destas gentes humildes que nada fazem para prejudicar terceiros, pessoas menos merecedoras da nossa atenção e apoio. Não podemos julgar o todo pela parte, nem deixar de olhar para estas pessoas como vítimas de um ataque de terror, senão mesmo terrorista.
A moldura penal aplicável a quem pratica o crime de incêndio florestal é quanto a mim inócua, sendo recomendável a comutação para distribuição da pena pelos meses de maior risco de incêndio, com inerente acompanhamento psicológico regular, e a obrigação de pagamento das refeições e estadia prisional em trabalho comunitário, mas esta é somente uma das soluções possíveis para mitigar o risco de reincidência, sendo ainda importante que exista uma política de prevenção, através do acompanhamento social, nomeadamente da sinalização de pessoas que se revelem potenciais pirómanos, ou particular gosto pelo fogo.
Se é verdade que há hoje alguma solidariedade para com aqueles que sem nada para isso fazerem tudo perderam, não é menos verdade que num passado recente outras pessoas que passaram pela mesma situação em menor escala não tiveram a mesma sorte, muitas delas acabaram com a sua vida alterada para sempre, e entregues à mendicidade quando eram auto-suficientes. Continuamos assim a ter vários pesos e muitas medidas, sendo generosos com uns e indiferentes com outros.
Para todas as vitimas diretas ou indiretas dos incêndios, endereço o meu sentido e solidário abraço.

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