A hipocrisia do natal


Cada um crê no que bem entende, e comemora a história mal contada que bem lhe aprouver.

As saudações natalícias entre aqueles que se contactam regularmente são algo que encaro bem, mas o que me causa alguma perplexidade, é a hipocrisia daqueles que passam quase todo o ano sem ligar a outros, e depois na quadra natalícia lembram-se de enviar mensagens de Boas festas, Feliz Natal, Próspero ano novo, e outras verborreias hipócritas meramente dejetadas pelas suas cavidades orais conexas com o cólon sigmoide. 
Mas o que me deixa mesmo siderado, é um povo que deseja tudo de bom mas faz precisamente o aposto, ou seja, no Natal, após preferidas todas as "balelas" próprias da quadra, fecham-se em casa com a família, ignorando se de facto aqueles a quem formularam desejos estão ou não bem, e deixando os que não têm família na mais profunda solidão, a afogar-se nos seus gritos de silêncio, enquanto dentro da maioria das casas, os hipócritas natalícios ditos crentes em Deus, celebram um quente e farto Natal, enquanto lá fora, na rua, ou entre quatro paredes, os adultos órfãos de família e amigos de verdade, observam pelas janelas a animação da festa da hipocrisia que contraria tudo quanto a história bíblica defende na palavra do alegado Jesus Cristo.  Questiono-me então, que raio de religião defende que se olhe para o próprio umbigo sem olhar para os semelhantes que os rodeiam?! Questiono-me, com que moral festejamos e desperdiçamos, quando, nas ruas, doentes mentais, e pessoas como nós, mas que perderam emprego, casa, família, passam fome, frio, e lutam com a omissão dos direitos humanitários no que à saúde, emprego, e habitação é atinente.
Abrimos presentes, alguns caros, refastelamo-nos, enquanto outros, não muito longe morrem à fome, alguns destes, crianças de tenra idade, e tantos outros não terão futuro somente porque não têm acesso à saúde, educação, e aos bens essenciais mais básicos. Mas é de facto nos dias que antecedem o Natal e no próprio dia de Natal que os felizardos que vão ter um Natal cheio e preenchido, mais se dedicam a azucrinar e lembrar os que não têm família próxima, pois fazem questão de os lembrar que estão sós, através de mensagens ou telefonemas, o que faz com que nesses dias alguns desliguem os telemóveis, os telefones, ou nem abram as redes sociais, para evitar ser contagiado pelo incomensurável hipocrisia do Natal, é o recalcar que reafirma estás ora da sociedade, estás pobre, estás sozinho no mundo. Nada tenho contra a felicidade de uns, tenho somente tudo contra a infelicidade de outros.

Distribuam abraços, afetos, porque prendas qualquer dinheiro compra...!


Boas hipocrisias!
Feliz hipocrisia!
Próspera hipocrisia!
Digo eu, que não percebo nada disto! 

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