Chega a ser criminoso o uso do SIRESP para emergência…


No que concerne à alegada vantagem de confidencialidade, antigamente, quando não havia confidencialidade no VHF seja lá a banda que for usada por INEM, Bombeiros e Cruz Vermelha, se uma entidade não respondesse a tempo respondia outra ao pedido de socorro, estando permanentemente em concorrência para ver quem chegava primeiro e assim embora não fosse a principal motivação, as vítimas eram sempre socorridas mais rapidamente. Por outro lado, a intrusão de outros socorristas na escuta das redes possibilitava que alguém chegasse rapidamente junto das vitimas para assegurar o pré-socorro antes mesmo de chegarem os meios de socorro ao local, o que se verifica legalmente noutros países como por exemplo Israel, onde os first responders permanentemente à escuta asseguram a primeira resposta no socorro até chegada das ambulâncias. Aliás, não é certamente à toa que nos EUA as comunicações de socorro não são encriptadas.
Em Portugal, como os erros, omissões, e crimes no socorro são um concurso quase constante, entendeu-se que encriptar as comunicações dos serviços de segurança e emergência, de modo a limitar a informação à opinião pública, e mesmo aos órgãos de comunicação social que desde os anos 80 escutavam tudo, até as forças policiais.
Por caricato que seja, hoje a PSP e GNR usam comunicações encriptadas, mas não a PJ, pois esta polícia não usa SIRESP, usa sim rádios convencionais de VHF-Banda Alta, em alguns casos com mais de 30 anos, mas que com a manutenção adequada ainda respondem às necessidades das operações tácticas.
De facto, o TETRA usado pela SIRESP oferece qualidade de áudio do agrado da maioria dos ouvidos, embora a sensibilidade quer dos receptores, quer dos discriminadores, fique muito aquém de um equipamento analógico. Num receptor analógico com uma sensibilidade de.18uV/12Db sinad, e com um bom discriminador, o ouvido humano é capaz de descriminar a totalidade da mensagem com um sinal dessa intensidade, coisa que, um receptor TETRA com com um sinal de entreda de .18uV e uma sensibilidade típica de .25uV /12Db sinad não é capaz de discriminar para o VOCODER sem cortes de mensagem, ou seja um rádio analógico no ouvido humano, possibilitam compreender comunicações mais longínquas / fracas, que com um receptor digital TETRA, apesar do som quando chega, ser mais agradável ao ouvido de muitos. Em suma, não importa se é ou não eficaz, mas sim se é ou não agradável, uma espécie de estética que mascara as ineficácias.
Refira-se ainda que no modo analógico a comunicação se propaga a 300.000Km/segundo, e no digital também, mas soma-se ao tempo de propagação aérea o delay da propagação por cabo, e os delays dos servidores, encoder´s e decoder´s, o que faz com que a comunicação possa levar alguns segundos a chegar ao destinatário, ou até não chegar, facto que exclui de imediato este sistema para comunicações táctico-operacionais com necessidades imediatas. Não é por acaso que, após se premir o PTT, tem de se esperar o sinal sonoro que autoriza o inicio da comunicação, até porque podem não existir time-slots disponíveis no momento.
Criou-se, portanto, para os ignorantes nesta matéria a convicção de que o Digital supera as vantagens do Analógico, quando nada poderia ser mais errado, prova desse facto é que, no INEM por exemplo mais de 80% do tráfego de comunicações passa por telefone fixo / móvel, que apesar de também passar por cabo e ser digital, utiliza tecnologia mais evoluída, embora tenha as mesmas vulnerabilidades.
 As comunicações e negócios associados a este bem que deveria ser efectivamente público e que está totalmente entregue a privados, vai continuar a custar vidas humanas, umas vezes de forma mais evidente, mas na maioria dos casos de forma mais dissimulada, dia após dia.

Manter as telecomunicações de acesso publico na esfera privada, é algo que só consigo equiparar a privatizarmos as fragatas, aviões F16,…, aliás, o resultado está à vista com os meios aéreos de protecção e socorro, e disso são exemplo os Helicópteros Kamov que Portugal adquiriu.

Se há uma causa para tudo isto? Obviamente que sim, e em meu entender todos estes problemas têm um denominador comum conhecido por corrupção e que outrora eram classificados como crimes contra a Pátria, vendida por um bando de terroristas que ao invés de condenarmos elegemos como nossos governantes, e que no fim de carreira no crime organizado na política ainda lhes oferecemos uma reforma choruda e outras mordomias.
Há quem lhes chame Presidentes, Ministros, Secretários de Estado, eu por acaso chamo-lhes outra coisa que não ouso escrever, pois a Liberdade de Expressão nunca saiu do papel!

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