Radiocomunicações cidadãs
Porque insisto eu neste conceito?
Porque
ao longo de muitos anos, ano após ano vi olhos nos olhos pessoas desesperadas
em incêndios, tornados, cheias e inundações, ciclones, e outras situações
adversas, gritar e chorar de desespero, sem rede te telemóvel ou rede fixa, e
sem ter sequer como pedir ajuda à povoação mais próxima. Porque me apercebi de
que nestas e outras situações é fundamental ter como comunicar para coordenar a
ajuda de proximidade, ou simplesmente avisar alguém que vai na direcção do perigo,
ou que o perigo vai na sua direcção.
Porque
insisto eu para que em caso de previsível ou verificado acidente grave ou
catástrofe todos escutem as frequências de emergência e outras onde seja possível
haver pedidos de ajuda / socorro, para falar com os bombeiros ou com a
protecção civil?
Nada
disso, não estaria a ser realista. Há muito que as corporações de bombeiros,
unidades da cruz vermelha, PSP, GNR, Polícia Marítima, e protecção civil se divorciaram
das populações deixando-as em caso de falha de telecomunicações de acesso
público á mercê da própria sorte. O meu apelo para que escutem o canal 9 no CB,
os canais PMR446, as frequências de chamada de radioamador e os seus
retransmissores mais próximos da ocorrência, é para que as populações se possam
entreajudar, e coordenar a sua acção ou simplesmente avisarem-se da proximidade
do perigo. Ao longo de anos testemunhei que em muitos casos a tragédia podia
ser evitada, vi feridos e cadáveres , alguns
queimados (muitos destes bombeiros),
afogados, e em tantas outras situações que uma simples comunicação rádio
poderia ter evitado. Porque me dedico tanto às radiocomunicações, será para ganhar dinheiro?
Não.
Embora no passado tenha sido o meu modo de vida como técnico na instalação e
reparação de radiotelefones, tendo estado ligado a algumas das mais conceituadas
marcas como a Motorola, entre outras, o que pretendo na actualidade é
possibilitar às pessoas as melhores soluções e, possibilitar-lhes que usufruam
do meu know-how por um lado para que não sejam ludibriadas, por outro para que
obtenham equipamentos na melhor relação preço qualidade, e por outro ainda para
lhes possibilitar a optimização das características dos seus equipamentos dentro
dos parâmetros legais, de modo a aumentar a possibilidade de quando deles
necessitarem para situações de emergência, corresponderem às expectativas e
possibilitarem proteger e salvar. Trata-se de algo que faço por paixão, porque
converge em simbiose duas áreas que estudo permanentemente, as radiocomunicações
e a protecção civil.
Era
eu radioamador há apenas um ou dois anos, e já lá vão mais de 30 anos, quando
comecei a insistir que o INEM devia ter rádio de amador para receber pedidos de
socorro, pois, onde eu morava em criança e jovem, junto a uma estrada nacional
hoje conhecida por IC19, assisti a inúmeros acidentes, muitos destes mortais, e
nem sempre era possível ligar 115, nem sempre havia rede, e por vezes a menina
da central telefónica dos TLP (telefones de Lisboa e Porto) demorava a atender
a chamada, para depois transferir para a central 115, naquele tempo não havia
INEM, surgiu foi o SNA Serviço Nacional de Ambulâncias. Ainda criança, vi
muitos atropelamentos, alguns mortais, vi gente morrer carbonizada em viaturas,
e, um meu irmão que viria a falecer mais tarde com 11 anos, acabou por ser
transportado algumas vezes pêlos meus pais ao hospital, por constrangimentos diversos
de comunicação e disponibilidade de meios, para além de negligência que
determinara a sua morte. Na altura que eu comecei a defender rádios de amador
no então INEM acabado de surgir, já existia por vezes alguma dificuldade em
contactar as corporações de Bombeiros por telefone ou por rádio CB, mas havia
sempre alguém pronto a ajudar à escuta, e muitas vidas foram salvas com alertas
via rádio CB.
Para quem como eu viveu esta realidade, temos certamente dificuldade em aceitar que se tenha regredido e aumentado a dificuldade de comunicar em situações de emergência. Para quem como eu ouviu pedidos de socorro vindos do mar no rádio CB e alertou via 115 que por sua vez accionou os meios de socorro, é difícil aceitar que não exista solução para que mais vidas sejam poupadas ao sofrimento ou à morte por problemas de comunicação. Mas estes meus apelos para melhorar a comunicação entre cidadãos e serviços de emergência sempre foram criticados, na maioria dos casos por dirigentes de associações de radioamadores ou de clubes e associações de cebêistas.
Para quem como eu viveu esta realidade, temos certamente dificuldade em aceitar que se tenha regredido e aumentado a dificuldade de comunicar em situações de emergência. Para quem como eu ouviu pedidos de socorro vindos do mar no rádio CB e alertou via 115 que por sua vez accionou os meios de socorro, é difícil aceitar que não exista solução para que mais vidas sejam poupadas ao sofrimento ou à morte por problemas de comunicação. Mas estes meus apelos para melhorar a comunicação entre cidadãos e serviços de emergência sempre foram criticados, na maioria dos casos por dirigentes de associações de radioamadores ou de clubes e associações de cebêistas.
Não importa que as associações de Bombeiros ou a Cruz Vermelha (que agora até tem um número de telefone dedicado a isso que em muitos casos não vai funcionar) não queiram lá o rádio CB, ou que os serviços de protecção civil não o liguem. Seria bom que os tivessem e ligassem, mas divorciaram-se das populações, hoje tudo se resume a serviços pagos, e a emergência tornou-se um negócio de “mercenários”. Se a população tiver radiocomunicações cidadãs quem está em aflição pede socorro, e de entre quem ouvir o pedido de socorro e estiver mais próximo dos meios de socorro ou de um telemóvel ou telefone que funcione faz o alerta para expectável consequente activação dos meios de socorro.
Mas
não esperam que haja sempre meios de socorro, e não sejamos hipócritas ao ponto
de crer que gente a ficar sem socorro só aconteceu em 2017, pois ano após ano
se viram imagens na TV (para quem não as viu ao vivo), de gente a chorar de
desespero onde os meios de socorro não chegaram, é por isto que importa que as
populações se organizem, formem, equipem, e treinem, para que quando os meios
de socorro não chegarem, não se limitem a lágrimas, rezas e gritos que não
salvam ninguém.
Eu
sei que as radiocomunicações cidadãs são contrárias aos interesses dos
operadores de telecomunicações, aqueles que só garantem a cobertura outdoor em
quase 90% do território de Portugal continental e que falseiam resultados com a
conivência da Autoridade Nacional de Comunicações, quando a cobertura indoor na
realidade não ultrapassa os pouco mais de 60%, mas o que para mim é importante
são os comuns cidadãos, embora a maioria deles se esteja nas tintas para tudo
isto, ou mesmo para a sua capacidade de autoprotecção e resiliência. É por isso
que a minha dedicação e afinco tem de ser ainda maior, para que consiga sensibilizar
os mais distraídos, no sentido de uma cultura de segurança colectiva, rumo a um
futuro com mais sorrisos e menos lágrimas evitáveis.
Em caso de previsível ou verificado acidente grave ou catástrofe, ligue o rádio, escute o canal 9 CB em AM/FM e o 34 em LSB, escute os canais PMR446 com especial atenção ao canal 7 sub-canal7, e se for radioamador escute os 145.500MHz e os 433.500MHz, bem como os repetidores mais próximos dos locais da ocorrência, você pode ajudar alguém, ou até salvar uma ou várias vidas, uma delas pode ser um seu familiar ou amigo, pense nisso!
Em caso de previsível ou verificado acidente grave ou catástrofe, ligue o rádio, escute o canal 9 CB em AM/FM e o 34 em LSB, escute os canais PMR446 com especial atenção ao canal 7 sub-canal7, e se for radioamador escute os 145.500MHz e os 433.500MHz, bem como os repetidores mais próximos dos locais da ocorrência, você pode ajudar alguém, ou até salvar uma ou várias vidas, uma delas pode ser um seu familiar ou amigo, pense nisso!
Digo
eu, que não percebo nada disto!
O
socorrista do povo
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