Erros frequentes dos radioamadores na preparação para as operações de proteção civil...


Um dos erros é a frequente confusão de comunicações de emergência, com as comunicações de catástrofe, pelo que convém explicar que, para as emergências quotidianas até o SIRESP serve, ou no radioamadorismo o DMR e os repetidores, que diga-se de passagem dão um jeitão, mas o que importa estar preparado é para catástrofe, e ai somente as comunicações sem infraestruturas terrestres são fiáveis, ou seja a comunicação rádio a rádio sem infraestruturas de suporte.
Ainda que as comunicações de emergência possibilitem o acesso a repetidores, a preparação de qualquer grupo de emergência deve ser para o nível de catástrofe, ou seja para o maior grau de destruição, deste modo se tiverem acesso a repetidores o trabalho está facilitado, mas caso não tenham não ficam enrascados.
Por outro lado, a utilização de repetidores móveis é de considerar em catástrofe, sejam eles mono banda ou cross band, contudo isto implica uma equipa mais musculada.
Outro erro crasso que determina geralmente o insucesso, é o facto de as associações não se articularem umas com as outras, fator que só contribui para constrangimentos desnecessários, pois em caso de catástrofe todos fazem falta, e todos têm lugar na operação, a menos que sejam tão limitados que não vislumbrem a sua aplicabilidade desde o apoio na ponte entre as populações e serviços de emergência e proteção civil quando falham os meios de telecomunicações de acesso público, bem como no apoio ás entidades que prestam apoio logístico ou social, existindo uma infinidade de aplicabilidades para os radioamadores, incluindo os operadores de CB ou PMR446.
Por outro lado, observa-se frequentemente nos exercícios de comunicações muitas limitações de comunicação operacional, pois tanto os radioamadores como os rádio-operadores são de facto excelentes conversadores, mas pouco habituados a comunicar cumprindo procedimentos radiotelefónicos, fator que contribui para a deformação daqueles que têm essas competências, fator que determina a necessidade de prática regular de radiocomunicações de emergência com tráfego intenso e exigente. 

A improficuidade operativa aliada à falta de conhecimento operacional em operações de socorro, determina a quase inexistência de mobilização dos radioamadores e rádio-operadores, pois em muitos casos só iriam contribuir para aumentar os constrangimentos nas operações.

Por outro lado, se cada organização tiver um plano de comunicações de emergência e não o divulgar, é muito provável que quando for necessário comunicarem entre si não o consigam fazer.
Os protocolos com os municípios podem ser úteis, mas temos de ter presente que tudo o que acontece começa numa freguesia, pelo que, embora um protocolo com uma junta ou união de freguesias não seja prestigiante e seja até mais trabalhoso, na realidade é o mais útil e que mais defende o interesse público, possa embora não defender melhor os interesses das organizações de radiocomunicações cidadãs, pois uma camara tem maior capacidade financeira que uma junta.
Outra coisa que não funciona são coordenadores de organizações que passam horas incontactáveis ou só atendem em determinados horários, é meio caminho andado para comprometer a ativação atempada e eventual projeção de meios para os teatros de operações.
Choca-me ainda o facto de, apesar dos acidentes graves ocorrerem com frequência, e termos até tido recentemente uma catástrofe, continuarmos a olhar para o desenvolvimento das soluções a médio prazo, quando na realidade há dois anos podíamos ter salvo muitas vidas. Ontem era tarde, porque o futuro é amanhã e o sucesso do amanhã depende do que fazemos hoje. Choca-me a inércia com que alguns encaram o problema, quando todos nós devíamos penitenciar-nos por quantas vidas se perderam fruto de algo que nem sei adjetivar, mas que me leva a apelidar os resignados como voluntários de sofá e lareira, a que outros apelidam de serradores de presunto, geralmente bajuladores e subservientes do poder instituído.
Se queremos fazer parte da solução das radiocomunicações cidadãs alternativas, temos de aprender e treinar mais, ter uma disciplina e doutrina semelhante à dos agentes de proteção civil, e articularmo-nos sem preconceitos individual e coletivamente.

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