O que é para mim uma vida a dois ...

Uma vida a dois é para mim idealizada na base da reciprocidade espontânea não por obrigação, mas por motivação. É uma relação que envolve sentimentos como a paixão, e ações como o amor (aceitar, cuidar e perdoar) e a entreajuda, em que se uma das partes ajuda no que sabe ou consegue fazer a outra parte corresponde ajudando no que melhor sabe ou consegue fazer, completando-se e aliviando-se mutuamente dia após dia nas tarefas que constituem maior desagrado, repartindo-as de modo conducente ao bem-estar de ambas as partes e das pessoas que as rodeiam.

É uma relação entre duas pessoas que se desejam, gostam da companhia uma da outra, e em que uma procura compreender a outra nos seus momentos menos bons através da empatia, e se necessário a chama à razão da realidade, bem como estará sempre disponível para a apoiar perante a assunção dos erros e lhe manifesta afeto sempre que a outra pessoa dele precisa ainda que não tenha a coragem de o expressar, numa simbiose de sentimentos em que se inclui a cumplicidade, sendo tudo isto reciprocamente válido para ambas as pessoas.

A vida solitária não faz sentido, e resulta geralmente do egoísmo ou do egocentrismo, que quase se poderiam classificar de antissociais, ou seja, muitas pessoas vivem sozinhas por inércia de vontade de completar outra, estando, contudo, disponíveis para quando bem entendem ser completadas por outras. Por exemplo, alguém que não quer aturar os maus momentos de alguém, mas gosta de quando tem maus momentos alguém lhe os ature e lhe dê ânimo e energia para continuar, continuar a viver a uma pessoa em torno do seu eu, embora por vezes esse eu seja alguém sem objetivos, projetos de vida, sem autoestima, e sem rumo certo.

Creio que, toda as pessoas deviam partilhar a sua vida com alguém, porque é da partilha que se gera a riqueza interior, a felicidade e, mais tarde, as boas recordações ao invés da tristeza de uma vida perdida por não ter sido vivida em toda a sua plenitude.

Por vezes, somente quando perderam os seus encantos sentem a necessidade de “assentar”, por vezes tarde de mais, porque não se cimentou a cumplicidade, respeito, lealdade e compromisso.

Encontrar alguém para a vida não é tarefa fácil, pois são inúmeros os factores de compatibilidade, e tudo o que antes descrevi pode não ser suficiente se não estiverem presentes determinados outros ingredientes, tais como a compatibilidade dos odores corporais naturais, a aceitação e interesse fisionómicos, bem como os encantos peculiares a cada ser humano, tão comuns, mas tão diferentes de ser para ser. Encontrar o par perfeito é por isso uma tarefa que poucos conseguem concretizar, pois a maioria limita-se a aceitar a perfeição aparente e tende a ignorar a compatibilidade resultante do aprofundamento do conhecimento das características que tanto pode levar a que se aprecie ainda mais o ser, como a que deixe de se o apreciar, mas que ainda assim vale sempre a pena tentar, porque a vida se resume a uma sucessão de tentativas de realização sejam elas no campo amoroso, profissional, social, económico-financeiro, familiar,…

O Ego é o maior problema do Ser humano, mas ele que faz deste Ser ímpar e tão interativo. 

Digo eu, que não percebo nada disto!

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