Jogos online ou presenciais de sorte ou azar


Os jogos online ditos de sorte ou azar têm um algoritmo de inteligência artificial que analisa o jogador e o fazem crer na possibilidade de enriquecer, deixando-o ganhar até algum dinheiro, para depois progressivamente lhe extorquirem tudo.

Ao longo do tempo em que prestei assistência à comunidade sem abrigo em Lisboa, conheci algumas pessoas que passaram de uma vida estável, em muitos casos com emprego e família, em muitos casos até na classe média alta e que, graças aos jogos online se endividaram ao ponto de perderem família, património, emprego e, ganharem uma casa maior, a rua, com um teto dinâmico e que ora mostra as estrelas, ora mostra nuvens, ora mostra sol, o céu.

Conheci também há muitos anos, um conhecido do meu pai que tinha trazido uma enorme fortuna de africa, tinha até um Citroen de luxo, o CX com vidros coloridos de um verde-marinho, uma moradia invejável no Cacém, e avultadas economias em dinheiro. Por já ter falecido vou aqui recordar o seu nome, o Sr. Simão, que após conhecer o Casino do Estoril, no espaço de umas semanas em que ia jogar, e que até ganhou algum dinheiro inicialmente, perdeu tudo o que tinha e, acabou na rua, a vender frutas e pinheiros de Natal com um triciclo.

A ilusão da indústria cinematográfica, em muitos casos até patrocinada por casinos e empresas de jogos online, leva muitos a tentar a sorte do lucro fácil, quando na realidade na esmagadora maioria dos casos, no final quem lucra com a desgraça dos jogadores são os acionistas dessas empresas. A publicidade paga pelas empresas de jogos ditos de sorte ou azar e cada vez mais convincente em especial para as mentes mais frágeis, mas no final só há um vencedor e muito raramente é o jogador, pois desses estão as ruas das nossas cidades cheias, a dormir debaixo de um papelão, numa arcada, debaixo de uma ponte ou mesmo num banco de jardim, em qualquer uma das opções a cama mais dura que já experienciaram.

Conheci de facto ao longo da vida alguns apostadores que enriqueceram, o Sr. Júlio que ganhou na lotaria 1000 contos nos anos 80, o Sr. Bueno que ganhou no totobola quase 1800 contos nos anos 90, naquele tempo chamava-se a isso ficar rico. O Sr. Júlio não tinha o hábito de jogar, mas uma vez comprou uma “cautela” e teve sorte, já o Sr. Bueno de vez em quando fazia o totoloto quando ia ao café, e um dia teve sorte, mas nunca, nunca conheci alguém que tivesse enriquecido com jogos de casino ou online, talvez até existam ou, talvez eu não conheça assim tanta gente.

Para mim sempre tive em mente que a única forma de ganhar dinheiro é o trabalho, por pouco que seja é merecido e não resultante da desgraça alheia, é uma questão de princípios.  

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