TETRA para TÓTÓS

Cada TBS (Tetra Base Station) terá na melhor das hipóteses 8 unidades rádio, cada uma delas com uma frequência repartida em 4 time-slot´s, (canais digitais), ou seja na melhor das hipoteses teríamos 32 canais de conversação mas, pelo menos um dos canais é usado como canal de controlo, ou seja, o canal que liga aquela estação a toda a rede, ou seja, em modo gateway.
Mas se alguém usar o TETRA ( de terrestrial trunked radio, não confundir com TETRIS um jogo eletrónico) como telemóvel, para ligação à rede publica de telecomunicações, estará a ocupar 2 time-slot´s, reduzindo o número hipotético de canais a 29.
Quando ouvimos dizer que em Pedrogão Grande foram atribuídos mais de 7 centenas de Talk Groups, o que isto significa é que, por comparação com uma rede telefónica por fio, para um máximo de 31 números de telefone teríamos mais de 7 centenas de extensões, ou seja, obviamente que a partir do 31º utilizador que quiser falar, todos os que o tentarem entram em modo de espera, soando um aviso sonoro no terminal rádio e aparecendo uma mensagem no ecrã.
Importa ainda dizer que a esmagadora maioria das TBS não tem 8 unidades rádio.
Importa também dizer que, se uma coluna de veículos sair de Lisboa num determinado canal, ao chegar a uma zona onde arderam as linhas de dados que interligam as TBS com um servidor, aqueles operacionais não falam com os outros que estão no terreno nem com o posto de comando, a menos que passem o rádio para um canal da TBS que se encontra em modo local, e escusado será dizer que, tal ordem deverá sair do posto de comando quando os meios por lá passam ou estabelecem contacto por qualquer via, o que não acontecendo determina que os operacionais ficam isolados de comunicações.

A forma de evitar constrangimentos é dotar os comandantes de operações sobre a necessária formação de gestão de redes de emergência, e nomeadamente não "pendurar" no TETRA comunicações de curta distancia para o abre e fecha a água, que podem até ser feitas com recursos a terminais portáteis convencionais em modo simplex, evitando-se ao mesmo tempo colocar equipamentos dispendiosos na mão daqueles que correm mais risco de os extraviar ou danificar, o que ocorre frequentemente.

Existem muitas outras soluções, mas todas elas muito económicas, que inviabilizariam a necessidade de concentração de mais investimento na rede conhecida como SIRESP.

 O Governo e ANPC têm recebido essas recomendações, desconhecendo eu se as vão ou não colocar todas em prática, embora confesse que apesar de não ter resposta oficial já vi implementadas algumas das recomendações que apresentei, e anunciadas algumas outras nomeadamente pela voz do Sr. Primeiro Ministro.

Ao longo de anos  tenho alertado para estes e outros aspetos, sem que contudo me tenham dado ouvidos, facto que não lamentaria caso dai não resultassem tragédias. 

Somente com a reorganização daquilo que existe é possível eliminar inúmeros constrangimentos, mas eu não trabalho no MAI nem na ANPC, trabalho numa associação.

Digo eu, que não percebo nada disto!