A cultura do abraço

Assisto por vezes a uma inexplicável indiferença entre seres ditos humanos, uma inclassificável frieza contrária aos valores apregoados pela maioria dos cidadãos. A falta de humanismo e afetos entre semelhantes é algo que não compreendo. Não aceito de ânimo leve que perante uma tragédia ou um simples momento perturbador, muitas pessoas digam que nada podiam fazer por aquela vítima de agressão, de assalto, de um acidente em que não ficou ferida mas é notório o sofrimento psicológico, da morte de um familiar ou amigo de duas ou quatro patas, de inúmeras outras situações que causam sofrimento que pode ser atenuado com um simples abraço.
Recordo frequentemente acidentes em que abracei pessoas que perderam familiares ou amigos de duas ou quatro patas, e em que senti que esse abraço fez alguma diferença. Recordo abraços dados a pessoas que tudo perderam, até o tecto e a dignidade.

Os abraços não se enviam, não se mandam, dão-se.
Filhos que crescem sem afetos, podem vir a ser adultos com dificuldade em partilhar afetos e graves carências afetivas.
Falta-nos a cultura do abraço, o mundo precisa de menos julgamentos e mais afetos.

João Paulo Saraiva

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